“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Perfil do Advogado Robespierre

domingo, 11 de junho de 2017

Retrato de Maximilien Robespierre. Pierre Roch Vigneron (1789-1872), cópia de um desenho em pastel datado de 1790.   

A rotina diária de Robespierre (1758-1794) era rígida e austera. Acordava cedo e trabalhava em casa até a chegada de um cabeleireiro, às oito da manhã. Partia para as cortes de justiça às dez horas, após tomar leite e comer pão. Tomava muito café (sem o qual não conseguia viver) e, à tarde, fazia um almoço leve, acompanhado por vinho diluído com água. Gostava de frutas, especialmente laranjas. Caminhava antes de retornar ao trabalho e se alimentava novamente à noite. Frequentemente, parecia estar ausente ou preocupado. Sem interesse por jogos, muitas vezes ficava num canto enquanto outros jogavam cartas ou conversavam depois do jantar - ele ficava então a refletir, a planejar ou simplesmente a sonhar. Sem a Revolução, Robespierre provavelmente teria prosseguido neste "caminho sensível", vivendo como um "advogado provinciano cada vez mais respeitado". Mas a rigidez de sua rotina, longe de limitar seus horizontes, deixou-o livre para abraçar qualquer oportunidade de melhoria ou avanço pessoal que se lhe apresentasse. 

A advocacia era a profissão tradicional da família de Robespierre. Ele escolheu o direito possivelmente por uma combinação de princípios elevados e ambição pessoal por coisas triviais - status, respeito, dinheiro e independência. Como advogado, Robespierre teve que enfrentar um sistema jurídico extremamente intricado e confuso, como quase tudo na França do Antigo Regime. Apesar disso, adequadamente apadrinhado e determinado a crescer, Robespierre estabeleceu-se rapidamente na profissão que escolhera. Detentor de certos talentos naturais, como a fluência e a lógica, perdeu relativamente poucas causas. Colaborava para esse sucesso o fato de só aceitar causas justas. Além disso, ele preferia representar os pobres, mesmo que isso significasse nunca ser pago.  

Adaptado de SCURR, Ruth. Pureza fatal - Robespierre e a Revolução Francesa. Tradução de Marcelo Schild. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 2009, p. 52-56.

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