“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

#15Fatos As Mulheres de Henrique VIII

sábado, 9 de dezembro de 2017

1. "Divorciada, decapitada, morta, divorciada, decapitada, sobrevivente." Assim, as seis mulheres de Henrique VIII - Catarina de Aragão, Ana Bolena, Jane Seymour, Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr - passaram a ser popularmente conhecidas.  

2. As mulheres de Henrique VIII também passaram a ser identificadas a partir de estereótipos femininos: Catarina de Aragão foi a Mulher Traída, Ana Bolena foi a Tentadora, Jane Seymour a Boa Esposa, Ana de Cleves foi a Irmã Feia, Catarina Howard foi a Malvada e, finalmente, Catarina Parr encarnou a Figura Materna.

3. Em termos de aptidão intelectual, a esposa do rei Henrique que mais se destacou foi Catarina de Aragão, seguida por Ana Bolena e Catarina Parr. Nem Jane Seymour nem Ana de Cleves, contudo, eram burras, segundo aqueles que as observavam e prestavam informações sobre elas. Catarina Howard foi a diferente nesse aspecto.

4. Os seis casamentos do monarca que criou a Igreja Anglicana ocorreram em um período em que a religião e a questão da reforma religiosa constituíam o assunto dominante da Europa. Os próximos tópicos tratarão disso. 

5. Catarina de Aragão é grosseiramente tida como uma católica fanática, embora no apogeu da vida ela fosse destacada pelo apoio que dava ao humanismo erasmiano - "a Nova Erudição".

6. Ana Bolena demonstrava fortes tendências protestantes, em parâmetros modernos, muito antes do ato de Roma que bloqueou seu casamento com o rei. Isso a tornou uma aliada natural dos reformadores.

7. Jane Seymour, que passou à História como a Rainha Protestante, aderiu, na verdade, à moda antiga no que se referia a religião. A última das esposas de Henrique VIII, Catarina Parr, uma das raras mulheres daquele período cujos trabalhos (orações e meditações) foram impressos, foi a verdadeira Rainha Protestante.

8. Ana de Cleves, casada pela sua conexão "luterana", era católica por natureza. Um detalhe importante sobre a biografia dessa rainha: ao contrário do que se diz, Henrique VIII jamais lhe apelidou de "a Égua de Flandres". 

9. Em termos do cerimonial da corte, Ana Bolena serviu a Catarina de Aragão antes suplantá-la. Jane Seymour, por sua vez, serviu a Ana Bolena, Catarina Howard a Ana de Cleves, Ana Parr a Catarina Howard, levando, assim, sua irmã Catarina para os círculos da corte.

10. A estabilidade do início da vida de casado do rei Henrique com Catarina de Aragão - quase vinte anos - cedeu lugar a uma era de tempestade marital, na qual, com muita frequência, havia duas mulheres vivas que eram ou tinham sido rainhas da Inglaterra.

11. A bizarra e demorada sobrevivência de Ana de Cleves na corte inglesa, no papel honorário de "boa irmã" do rei, depois do divórcio dela, é, sem dúvida, um dos mais estranhos da História. Sabe-se que ela dançava, feliz, com Catarina Howard, a rainha que assumira o seu lugar, nas festas do ano-novo em 1541, enquanto o velho rei seguia para tratar de sua perna doente.   

12. A história das seis mulheres de Henrique VIII, com todos os seus elementos de drama sexual, pathos, horror e, às vezes, comédia, deixou a própria Europa plenamente estupefata. Em 1540, uma indiscreta dama de companhia falou em nome de muita gente quando exclamou: "Que homem, o rei! Quantas esposas ele vai ter?"

13. Henrique VIII teve mulheres de fibra. Muito destaque é dado ao vigor (ou obstinação) de Catarina de Aragão ao se recusar a conceder o divórcio ao marido; mas a independência de raciocínio e de comportamento de Ana Bolena, como mulher, a tornaram curiosamente moderna. Nascida em um nível comparativamente menor na vida, ela teve a tenacidade de esperar pelo maior de todos os papéis que almejava - o de esposa do rei, e consegui-lo.  

14. 1536 ficou conhecido como o ano de três rainhas. Cinco meses após a morte da rainha Catarina de Aragão, e apenas 11 dias após a morte da rainha Ana Bolena, Jane Seymour tornou-se a rainha, apresentando-se como um modelo de bom senso discreto.

15.  Para Henrique VIII, Jane Seymour continuou sendo sua "verdadeira esposa", aquela que fora "totalmente adorada", com base no fato de lhe ter dado um filho homem. Assim, ele ordenou que ela fosse entronizada com destaque, depois de morta, como sua consorte, no imenso retrato dinástico de sua família, quando Catarina Parr era a leal esposa viva a seu lado.

Bibliografia consultada: FRASER, Antonia. As Seis Mulheres de Henrique VIII. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento e Silva. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009.

0 comentários:

Enviar um comentário