“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Um Panorama da Civilização Fenícia

domingo, 15 de abril de 2018

Reconstituição de um porto fenício.

Até o surgimento da arqueologia, em meados do séculos XIX, nosso conhecimento sobre os fenícios estava fadado a ser falseado: a literatura fenícia desapareceu totalmente e as referências escritas de judeus, gregos e romanos nem sempre são amigáveis. Contudo, com o surgimento da arqueologia, a realidade não mudou muito. Isso porque, dentre os principais povos da Antiguidade, os fenícios são, talvez, os menos favorecidos pela arqueologia. Não sabemos, por exemplo, o que eles pensavam de suas relações com outros povos. 

Precisamos reconhecer que, em muitos assuntos dos fenícios, nossa ignorância é total. Apesar disso, temos uma visão geral suficientemente clara de sua civilização: os fenícios foram os maiores exploradores da Antiguidade e os maiores colonizadores ao lado dos gregos; foram também grandes comerciantes de matérias-primas e manufaturados. Além disso, destacaram-se como combatentes valorosos - comprovam-no a longa e extenuante luta contra Roma, a tenaz resistência de Tiro e Sídon perante vários conquistadores, bem como os serviços armados prestados à Pérsia. Finalmente, a maior contribuição da civilização fenícia à posteridade foi o alfabeto fonético (composto por 22 consoantes). 

Na Bíblia, os povos que na Idade do Bronze ocupavam a faixa costeira situada entre o Levante desde Tartus até ao sul do Monte Carmelo, e a correspondente zona interior, eram denominados cananeus. Estes não eram autóctones, mas sua origem e a data em que chegaram à região são difíceis de determinar. Já no 4º milênio a.C. a população do Levante encontrava-se profundamente miscigenada. 

O nome "fenícios" parece ter sido dado a todos os cananeus pelos gregos micênios. Homero foi o primeiro a registrar o termo (phoenix, no singlular; phoenikes, no plural). Inicialmente, o termo "fenícios" parece significar vermelho escuro, púrpura ou castanho, uma referência à pele bronzeada dos cananeus. Posteriormente, o termo se limitou aos independentes da faixa costeira. 

A história dos cananeus começou por volta da última metade do segundo milênio a.C., quando os fenícios se diferenciaram da massa dos cananeus. Seu apogeu se deu no início do primeiro milênio a.C., quando os fenícios estenderam sua influência (com o comércio) e sua potência (com a colonização) progressivamente pelo Mediterrâneo e até além. Com exceção de Chipre, em todos os territórios nos quais os fenícios se instalaram os povos eram de origem muito origem muito diferente. Isso facilitou a distinção entre o nativo e o fenício. 

O fim da história da civilização fenícia se deu entre os séculos IV e II a.C. Em agosto de 332 a.C., após um desgastante cerco iniciado em novembro do ano anterior, Alexandre Magno conquistou Tiro; consequentemente, a Fenícia a leste passou ao mundo helenístico. Mais tarde, ao final da Terceira Guerra Púnica, Roma arrasou Cartago, fazendo com que a Fenícia a oeste passasse a integrar o mundo romano. 

Bibliografia consultada: HARDEN, Donald. Os Fenícios. Tradução de Gustavo Anjos Ferreira. Lisboa: Verbo: 1968, p. 17-22.  

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